Ronaldo Magella
Acho lindo quem sofre por amor, mas não posso deixar de pensar que seja algo bobo e infantil. Sim, já sofri de amor, por amor, sem amor, com amor, no amor, como disse, é bonito. Passei sete anos da minha vida, dos sete aos quatorzes anos, apaixonado por alguém que nem sabia o meu sobrenome, o meu endereço, o meu signo, e como todo poeta, sofri não de chorar, mas de pensar, passar fome e me trancar num quarto para ouvir música e dedicar meus pensamentos aquela por quem queria viver e morrer, mas passou como tudo um dia passa.
Sofrer por alguém talvez seja um dos sofrimentos mais belos e encantadores do Universo, mas não deixa de ser piegas e ridículo. Tenho um amigo que quase que diariamente me conta, veja bem, me conta as conversas que tem com o seu amor, apenas as conversas, e se delicia com isto, apenas isso, o amor talvez seja é isso, é gostar do pouco, dos detalhes, do mínimo, do que resta, do que pode.
Mas é bom quando a gente é jovem, e talvez alguém aí diga, ei moço, o amor num tem idade, certo, concordo, mas tem certas coisas, em determinadas idades que não têm mais como ser, ficam infantis demais. Recentemente a cantora Marina Lima disse entrevista que, há momentos em nossas vidas que temos que apender, descobrir, querer e já outras, é hora de aprender a envelhecer, saborear a vida sem precisar sofrer ou se angustiar. Tudo bem que se sofra, se chore, se deprima, se morra, passe fome e tudo mais, mas que se tenha em mente que isso tudo um dia passa e lá na frente soará ridículo e bobo.
Tudo para dizer que, venho acompanhando algumas pessoas e sempre me relatam a mesma coisa, o sofrimento e a prisão que nutrem por alguém, é lindo gostar de alguém, mesmo a pessoa não gostando de nós, mas é perda de tempo, um tempo precioso que não voltará mais, principalmente se a pessoa, o outro alguém, já estiver em outra. Já tenho idade suficiente, muito embora tenha apenas 31 anos, me considero com mais de 50, para saber que as coisas precisam ser práticas, a vida é muito mais do que se prender a alguém e ficar chorando por este, isso é irresponsabilidade, tem muito mais coisas para se fazer. Praticidade, num quer? Abraço.
São, agora, sete bilhões de pessoas no mundo e fechamos nosso coração e nossos sentimentos para alguém que já está com outra, em outra e não nos quer mais, mas a gente teima em querer, gostar, sofrer, por nada. Mas é como diz Ovídio em seu livro, A Arte de Amar, “somos mais seduzidos pelo que não temos do que pelo que temos”.
Ronaldo Magella
Jornalista e Professor - Blog - http://www.ronaldo.magella.zip.net/
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