
A trama – se passa no início do século XX, mas os conflitos são bastante atuais. Em sua estreia como autores titulares, João Ximenes Braga e Cláudia Lage, ex-colaboradores de Gilberto Braga e Manoel Carlos respectivamente, escolheram contar a história do surgimento da mulher brasileira contemporânea. No centro do folhetim estão as personagens Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano). A primeira, uma ex-escrava que mora num cortiço; a segunda, filha de uma família aristocrática carioca que perde muito dinheiro com o declínio do café. Em comum, as duas têm a personalidade forte de mulheres à frente de seu tempo. A dupla se conhece no terceiro capítulo: elas vão se casar na mesma igreja, uma depois da outra. Ali, desenvolvem uma amizade e cumplicidade que vai permear toda a trama. Do lado antagônico está Constança (Patrícia Pillar), a mãe de Laura. Acostumada ao luxo e riqueza das classes altas, vai se recusar a aceitar as transformações do mundo.
Edgar (Thiago Fragoso) e Zé Maria (Lázaro Ramos) interpretam os maridos de Laura e Isabel. Zé Maria é o grande herói da história, que, através do núcleo de moradores do cortiço, vai mostrar também o surgimento das favelas do Rio: quando o local onde moram é derrubado para a construção da Avenida Central, eles têm que se mudar para o Morro da Providência.
Foi a paixão pelo início do século XX e personagens como João do Rio, Lima Barreto e Machado de Assis o que aproximou a dupla. João e Cláudia se conheceram na Oficina de Atores da TV Globo, em 2004. Em 2008 resolveram começar a escrever sua sinopse, que foi apresentada para a direção da emissora pouco antes da estreia de “Insensato coração”, de Gilberto Braga, na qual João atuou como colaborador.
Outros temas que serão abordados na trama são a chegada do futebol ao Brasil e os primeiros passos do nascimento do samba. Dividido em duas fases, o folhetim começa em 1904 e, depois, terá um salto de tempo de seis anos. Apesar de ser considerada uma “novela de época”, a nova produção das 18h deve fugir dos estereótipos do gênero.
Palavras dos Autores
– A Constança não vai ser aquela vilã que faz maldade com sorriso no rosto. Ela realmente acha que está certa e que não é má. Ela acredita no mundo com o qual está acostumada. É racista e não aceita que a filha queira trabalhar porque esse não é o universo dela. Ela perdeu prestígio, se ressente em não ser mais chamada de baronesa – explica Ximenes.
– Com o Zé Maria, vamos retratar o início da conscientização do movimento negro. Ele faz capoeira e é muito orgulhoso disso, num momento em que a prática era marginalizada. A novela se passa logo após a abolição da escravatura, e esses ex-escravos estão começando a tentar viver na nova realidade – conta Cláudia.
– A gente realmente não achava que ia dar em nada. Queríamos mostrar serviço e ganhar um aumento. Mas tivemos um feedback ótimo e começamos a trabalhar na história. Agora, estou morto de medo. Durmo no máximo três ou quatro horas por dia. Imagina: são 40 personagens falando o tempo inteiro dentro da sua cabeça – brinca João.
– Apesar de se passar em 1904, vamos tratar de conflitos bastante contemporâneos, pelos quais as mulheres passam até hoje. Além disso, estamos escrevendo capítulos ágeis. Não vamos nos prender a muitos detalhes de antigamente. Tenho certeza que os historiadores vão chiar. Mas é importante entender que a novela não é um retrato daquela época, e sim uma visão nossa da época – define João.
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