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Por Patrícia Kogut




Nota 10



Para o capítulo de estreia de "Viver a vida", com uma história que promete e linda fotografia. A crítica completa pode ser lida aqui no blog.


Nota 0



Para as mesmas lenga lengas em "Paraíso". Anteontem, teve um debate entre Mariana (Cássia Kiss) e Antero (Mauro Mendonça) sobre Zeca ser ou não ser filho do diabo. Já deu.







À primeira vista, nem parecia Manoel Carlos. Nada de Leblon, de calçadão, da Padaria Rio-Lisboa. Mas logo Taís Araújo se apresentou: Helena. José Mayer (Marcos) ressurgiu como galã e Lília Cabral — uma das rainhas do capítulo de estreia, como era de se esperar — mostrou sua Tereza contraditória, com aquela amargura que caracteriza a pegada naturalista que é a assinatura de Maneco. Imagens lindas, marca de Jayme Monjardim, ajudaram a começar a contar a história de “Viver a vida”, anteontem, às 21h na TV Globo.


Exuberante, Taís Araújo fez bonito nas passarelas e nas cenas em que Helena gravava um documentário conduzido por Bianca Ramoneda. Foi um bem-sucedido recurso de apresentação da personagem e de seu ambiente. No entanto, Taís ainda mostrou pouco da Helena de casa, aquela que não joga para a arquibancada. Esta faceta não pública da modelo será o grande desafio da atriz. Alinne Mores (Luciana) brilhou como a modelo complicada e perfeitinha, patricinha voluntariosa como tantas que se veem por aí. José Mayer — Manoel Carlos disse isso e tem razão — é uma aposta sem riscos. Tudo bem que ele tenha mostrado versatilidade como o Augusto César de “A favorita”, mas bom mesmo é vê-lo de novo em grande forma como galã maduro e conquistador, driblando os apelos para a canastrice que personagens como este têm por natureza. O mesmo Manoel Carlos que deu a Lilia Cabral seu melhor papel na televisão — o de Marta em “Páginas da vida” — sabe do que ela é capaz.


Apesar de ter tido poucas aparições na estreia, Lilia não fez pouco: apresentou Tereza, uma divorciada multifacetada, bem construída, com convicções que pareciam ter estado lá há uma novela inteira já chegando ao fim. O que se pode esperar desta atriz? Tudo. Outros dois atores se destacaram neste primeiro capítulo: Mateus Solano, como os gêmeos Jorge e Miguel, e Bárbara Paz (Renata), em breves mas relevantes sequências. Mateus se saiu bem tanto na parceria com Alinne quanto com Bárbara. E Adriana Birolli (Isabel), novata na televisão, também chamou a atenção, assim como Letícia Spiller (Betina), finalmente tendo sua chance como uma personagem que escapa da caricatura. Já Danielle Suzuki (Ellen), dançante e exagerada, ainda pode chegar lá, mas precisa reduzir a marcha e as marcações. O mesmo vale para Aparecida Petrowky (Sandra), que dividiu a cena com ela na estreia.

“Viver a vida” teve um pouco do glamour do mundo da moda, além das belezas de Búzios. Mas o melhor do capítulo foi a grande especialidade do autor: a exposição do que a máscara social costuma esconder, as pequenas disputas, a inveja entre irmãos, os sentimentos mesquinhos, a competição profissional e as inseguranças. Na mão dele, tudo isso serve para construir uma história aparentemente plácida como a paisagem de Búzios, mas na verdade tensa até demais. Jayme Monjardim, em sua terceira parceria com Maneco, pareceu mais afinado do que nunca com o texto do novelista, apresentando sequências ensolaradas e emocionantes, no tom certo, sem pressa, mas sem maiores divagações, pautado pelo roteiro.


E as sequências de perseguição numa favela, envolvendo Marcello Melo (Benê) e muita figuração foram bem dirigidas, lembraram o arrastão da estreia de “Páginas da vida” e reforçaram a certeza de que Monjardim é capaz de boa pontaria também fora do drama psicológico. A abertura levantou dúvidas: é resultado de minimalismo “cabeça” intencional, ou faltou inspiração? No mais, o capítulo acabou deixando aquela sensação de alegria pela volta de Manoel Carlos ao horário nobre, salve ele.

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