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Exclusivo: diretor do Pânico abre o jogo sobre bastidores, vaidade, rachas, brigas e a guerra pela audiência

Com suas assistentes de palco – as panicats – causando pelo noticiário afora e com quadros novos, como o que coloca os integrantes do programa lavando roupa suja com suas mulheres em rede nacional, o Pânico volta a fazer bonito na briga pela audiência na programação dominical.

No último domingo (8/5), o resultado dessa combinação de fatores deu super certo: o programa ficou na liderança durante 14 minutos não-consecutivos, em 14,9 pontos percentuais de participação. O mais impressionante é a escalada da audiência. Quando começou a ser transmitido, às 21h, o Pânico pegou o “bastão” do programa O Último Passageiro com 2.4 pontos de audiência. Entregou às 23h40 para o reality de cirurgia plástica Dr. Hollywood com 12 pontos!

O programa passou recentemente por períodos de dificuldade, que incluem queda de audiência no começo do ano (“por conta do Big Brother”), notícias falando de possíveis rachas entre equipe, problemas com integrantes se julgando celebridade demais para enfrentar a rotina dura de gravações externas... tudo isso motivou o Virgula a procurar o diretor Alan Rapp para a entrevista, sem censura, que você lê a seguir:  

VIRGULA – No começo do ano houve boatos de que o Pânico estava passando por uma crise de audiência. Têm fundamento?
ALAN RAPP - Todo início de ano a gente sofre por causa do BBB, é impossível ganhar deles. E as pessoas já esperam o BBB assistindo Fantástico. Nessa época eu até converso com o Emílio Surita e Tutinha (dono da Jovem Pan e sócio do programa), avisando que a gente precisa esperar um pouco. Passando o BBB a gente tem obrigação interna de dar resultado e a gente tem conseguido isso. Desde que o BBB acabou a gente está há seis domingos em primeiro lugar. Mas ninguém sabe o quanto a gente sofre para alcançar o primeiro lugar. A gente dá o start em último, a Globo com quase 20 pontos, a Record com 18, o SBT com 10, a gente larga com 1,5, mas em praticamente uma hora e meia de programa já estamos em segundo lugar e no final a gente chega a 17 pontos. Quanto significa esse aumento de 1,5 ponto para 17 pontos? Nem eu fiz essa conta. Pro Silvio Santos, sai lá o resultado final. Pânico deu 10 pontos de média e empatou com o SBT, que deu o mesmo número de pontos. Mas ele já saiu com uma audiência legal, nós não. 

VIRGULA – E vocês têm alguma forma de segurar o ineditismo das matérias que vão pro ar?
ALAN RAPP - A gente apanhou muito anteriormente porque soltava, achando que era bacana fazer a propaganda, mas, com o tempo, como somos o “primo pobre da TV”, concorremos comFantástico, Domingo Espetacular, Silvio Santos, que não têm problema de dinheiro, a gente parou de soltar. Teve uma vez que apareceu um menininho de dois anos que fumava lá na Indonésia. Eu queria ter feito (uma matéria) com ele, só que a gente não teve grana pra ir pra lá. A Record foi e fez duas horas com o menininho fumando, eu aqui chupando o dedo. A gente sofre com isso, mas ainda sim conseguimos sobreviver. Aprendemos no decorrer dos anos que seria um tiro no pé anunciar uma atração que a gente tem em mãos. Ninguém brigou ou teve atrito com jornalista, os jornalistas sempre nos deram força. Os jornalistas estão fazendo o seu trabalho, e nós, o nosso. Mas às vezes preferimos fazer o nosso trabalho quietos, sem alarde, pra morder a jugular da Globo e deixar a Record em terceiro ou quarto, que é o nosso supra-sumo. Imagine você sair em último lugar e chega em primeiro.

VIRGULA – Como é quando ficam em primeiro? Tem comemoração ou só a tensão de ter que se superar na semana seguinte? 
ALAN RAPP - A nossa comemoração dura pouco, porque o programa termina às 23h30 e já vamos para uma reunião. A gente vê o resultado de cada matéria minuto a minuto. Tem que ser assim, televisão é número. Nossa vida é muito intensa. Nossos seguidores do Twitter sabem como é. Então nossa comemoração dura da RedeTV! até a pizzaria aonde a gente vai. Quando a gente chega na mesa ainda tá todo mundo eufórico. Mas aí a gente abre as pautas e já começa a pensar no próximo programa, daí já acaba, zerou o placar e vamos começar um outro jogo. A gente fica o dia todo pensando em algo pro programa. Se você me mostrar esse copo, eu já vou pensar em como poderíamos fazer uma sacanagem com isso. Se eu tô no trânsito, vejo alguém atravessando a rua, já penso que poderíamos sacanear com essa pessoa atravessando a rua. Você fica num processo mental 24 horas.

VIRGULA – Saiu uma matéria recentemente dizendo que existe um certo racha entre vocês. De onde surgem essas notícias?
ALAN RAPP - Nessa notícia especificamente, a gente descobriu que tem um X9 (dedo-duro) dentro da equipe, que passou essas informações para o pessoal do jornal. A gente já descobriu quem ele é. Ficamos chateados. Nossa reunião é íntima. Se você tá lá, eu confio em você. A equipe tá dividida mesmo. Tem a treta do Vesgo e do Bolinha, a vingança da Dani Bolina, que machucou o ombro do Bolinha...

VIRGULA - Essas coisas que a gente vê na TV acabam refletindo na equipe, até porque vocês acabam virando uma família querendo ou não, né?
ALAN RAPP - Já trabalhei em vários lugares, em programas com diretores renomados, no Silvio Santos e Gugu, mas eu nunca vi uma equipe assim. A gente é uma família mesmo.

VIRGULA - É quase um reality, vocês passaram a mostrar as reuniões de pauta na casa do Emílio (Surita)....
ALAN RAPP - A gente nunca quis abrir, porque quando a gente está criando não tem como alguém ficar fazendo anotações. Essa maneira da gente mostrar a reunião foi uma forma de o público acompanhar nosso trabalho, sem que a gente abra muito a guarda. A gente mostra até onde acha que pode mostrar. Na terça, a reunião começa às 16h e vai até as 4h. Tem dias em que o Emílio vem pra rádio (Jovem Pan) virado. É assim, é uma família. Tem briga, tem descontração, a gente faz um churrasquinho que chamamos de “churrasquinho da alegria”, mas é uma maneira de você manter a harmonia, durante o stress do trabalho. 

VIRGULA - E as coisas que mais pesadas do programa, tipo as brincadeiras com a Dani Bolina, como elas se resolvem depois? 
ALAN RAPP - Eu sinceramente gosto quando o circo pega fogo mesmo. O povo gosta. Por exemplo, a gente sugeriu uma brincadeira que é “peça a sua maldade pelo Twitter”. Eu abro o meu Twitter e só tem isso, sugestões do tipo: “põe um ovo na cadeira na hora que o André editor for sentar” ou “dá um peteleco na verruga da Sabrina”. Só tem pedido de sacanagem.

VIRGULA - Mas tem momentos em que as coisas ficam tensas, tipo o caso do Vesgo e do Bolinha...
ALAN RAPP - A gente tá tentando encaminhar os dois para o octógono (para lutar) faz tempo. O Vesgo sempre arrega. Mas dessa vez o povo ficou contra ele, porque viu o Bolinha de cama, e o Vesgo tirando sarro dele no estúdio. Todo mundo achou o Vesgo meio covarde. Agora o Vesgo assumiu pela primeira vez que vai lutar. Pra nós é um desejo de dois anos quase. Ele tem medo, diz que nunca brigou, que é desengonçado. Já o Bolinha é amigo de todos os lutadores, desfila com os caras do MMA. Vamos fazer tipo um reality com eles. Vão ter que emagrecer, treinar, o Bola vai deixar de fumar. Vai ser de verdade, com regras, especialistas e juízes. Eles entraram na pilha legal.

VIRGULA - E esses rumores de que o Ceará estaria de salto alto, que agora não quer gravar qualquer coisa...
ALAN RAPP - O Ceará virou celebridade. Ele deixou um pouco pra trás talvez o espírito do Pânico. Eu acho que a gente não pode perder a nossa raiz. E o Pânico é isso, a turma do fundão. Não podemos mudar. A gente chegou onde chegou sendo assim. Agora que a gente chegou onde queria vai mudar? É uma questão complicada essa porque a gente é meio como um quartel. Você tem de cumprir as suas determinações. Se for determinado que você vai fazer tal pauta, você não pode escolher se vai ou não. Se tá no grupo, tem que fazer. Ele passou por alguns momentos complicados, mas ele já tá voltando às origens. 

VIRGULA - Foi uma fase de rebeldia? Do tipo não quero fazer essas coisas menores?
ALAN RAPP - É um salto muito grande na vida das pessoas. A vida delas mudou rápido demais e, às vezes, você não tem noção do que aconteceu, fica no mundo da Lua, perde a realidade. Mas estamos trazendo ele de volta. Ele está se readaptando. Vários artistas que ele homenageou em imitações morreram: Clodovil, Vera Verão, Dercy Gonçalves... Isso o incomodou muito. Daí ele ficou no Silvio. A Gabi Herpes fez sucesso, e agora ele tá aí com a Valgina Casé. Todo mundo gosta dele, ele é talentoso, um puta artista!

VIRGULA - Como vocês encaram comparações com o CQC?
ALAN RAPP - A gente nem corre no mesmo circuito. Não tem como comparar Fórmula 1 e Fórmula Indy. Totalmente diferente uma da outra. Eu não consigo comparar os dois programas. Gosto deles. Não consigo assistir eles sempre, porque é o meu dia de folga da semana. Domingo o programa é ao vivo e aos sábados a gente assiste aos VTs que vão entrar no programa. Temos uma relação boa com os meninos do CQC, pra mim é o mais importante, ninguém é rival. Não tem essa de brigarmos. Eles já gravaram com a gente, o Oscar Filho já gravou com o Emílio, o Tas falou da gente no programa, acho que devemos continuar sendo assim, mas não acho que devemos compará-los. Se for falar, a gente chegou antes deles, quem começou a dar presente pra celebridade foi a gente, o resto veio tudo depois. O Pânico vai fazer oito anos já. Não tô falando que um ou outro seja melhor, tô falando que são coisas totalmente distintas.

VIRGULA – Como funciona a incorporação de novos personagens. O Charles Henrique, por exemplo, é um sucesso...
ALAN RAPP - Isso não é premeditado. O Vesgo e o Polvilho descobriram o Charles numa festa no Rio. O Ceará não quis gravar, precisei colocar alguém no lugar, foi uma época em que ele não queria mais gravar com o Vesgo, daí montamos a dupla Vesgo e Polvilho. Eles viram o Charles lá com uma sacolinha e um guarda-chuva e foram conversar com o cara. Ele falava com aquela voz dele que queria mandar um recado pra Sabrina, aí eles começaram a encontrar o cara sempre. Resolvemos mandar ele na festa do casamento do Bruno Gagliasso, e ele trouxe um belo material. Daí a gente começou a fazer festas só com ele. No começo os caras tinham medo de falar com ele. Não sabiam que era do Pânico, ele ficava meio triste, mas com o tempo ele quebrou a barreira e reaproximou a gente dos globais, porque as pessoas vêem ele com carinho.

VIRGULA - Coincidiu com aquelas brigas por conta das Sandálias da Humildade?
ALAN RAPP - Esse quadro foi um dos enormes sucessos que a gente teve, infelizmente deixamos ele guardado. Mas um dia podemos voltar com ele.

VIRGULA - Teve uma época em que a Sabrina pautava muito política nacional. Essa preocupação com política parece ter ficado de lado.
ALAN RAPP - Realmente quando a gente frequentava a Câmara e o Senado, teve o caso da sunga do Suplicy, ele me ligou, veio até aqui, expôs o lado dele, nos fez um pedido e atendemos. A gente simplesmente analisou que aquilo não era imprescindível, que as pessoas só queriam vê-lo colocar uma sunga pra crucificá-lo. Isso a gente achou desnecessário. Tiramos do ar. A gente parou de fazer Brasília porque as figuras começaram a se repetir muito, eram sempre as mesmas. Como eles criaram amizade com ela, a coisa ficou sem sentido. 

VIRGULA – E casos como o da Gorete e do Zina? Por onde eles andam? 
ALAN RAPP - Muitos disseram que a gente se aproveitou dela. Que virou um programa assistencialista, mas olha o que a gente fez por ela. Com o Zina foi a mesma coisa, disseram que a gente explorou ele, a gente tirou ele da rua, ele era mendigo, demos uma casa pra ele, demos emprego, como você pode dizer que estamos explorando alguém? Só que é difícil as pessoas enxergarem de outra maneira. Jogam pedra na gente, na verdade. O Pânico virou entretenimento, não tá preso só a humor. O caso da Gorete não foi só humor, a gente quis rejuvenescer a alma dela. Ela gravou com a gente não faz muito tempo. Ela tá bonitona, feliz, parece que tava namorando, não tenho certeza. É outra pessoa. Tem uma enorme gratidão. O Zina tá respondendo processo na Justiça. Mas ele tá empregado na RedeTV!, recebe tudo direitinho. Agora ele não tá fazendo nada, tá se tratando, mas ele é funcionário nosso. Tem CLT e todo o mais.

VIRGULA - Esses caras que já figuraram como estrelas por alguns minutos, você tem ideia de reciclar?
ALAN RAPP - A gente não premedita as coisas com muita antecedência, depende do que está acontecendo na semana. O Pânico virou meio que um programa jornalístico, factual, uma revista de variedades. Então não tenho como te responder se traria de volta. Depende do que for acontecendo.

VIRGULA - Novidades que você pode falar?
ALAN RAPP - Eu não tenho. Estreamos o Jô Suado, tá todo mundo adorando, é uma das melhores imitações do Carioca.        




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