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“Pai” de Bob Esponja revela curiosidades sobre o desenho


Stephen Hillenburg (foto) tem a vida que pediu a Netuno. É biólogo marinho, gosta de mergulhar, mas é como produtor-executivo do desenho animado que inventou, sobre uma improvável esponja do mar, que ele ganha o peixe de cada dia. No Brasil para participar do festival Anima Mundi, o animador norte-americano falou sobre Bob Esponja, Patrick, Senhor Sirigueijo e como eles são reflexo do que viveu, viu e presenciou no passado.

“Bob Esponja é um ingênuo. É o arquétipo do personagem que esteve por aí sempre, ou seja, o personagem que se comporta como uma criança. Eu gosto de personagens como os de ‘O Gordo e o Magro’. São sempre personagens infantis, num mundo de adultos.”

Hillenburg conta que, quando começou o desenho, já imaginava que não ficaria restrito a um só público, mirando baixinhos e altinhos. “Nós apenas tentamos rir enquanto escrevíamos as histórias. E depois olhávamos para saber se era apropriado para as crianças. E eu acho que grande parte do humor vem da personalidade [dos personagens]. São apenas personagens engraçados fazendo coisas bobas.”

O animador, que disse que mergulhar foi a inspiração inicial para ser um biólogo marinho, se revelou surpreso com a recepção de seu personagem. “É chocante, nunca imaginei nada disso. Pensei que talvez tivesse uma temporada e aí seria cancelado. E na verdade seria tudo bem. Sabe, eu queria tentar fazer algo que eu queria fazer, e não algo que uma outra pessoa gostaria de fazer. E pensar que o desenho é ainda exibido dez anos depois… honestamente, eu nunca imaginei isso. Eu sempre disse, sabe, é um desenho sobre uma esponja [risos]. Não tem como você imaginar que isso seria um sucesso, né? É uma surpresa e muito recompensadora.”

O americano lembrou que foi um desenho que o fez mudar de carreira e abandonar o magistério para seguir a carreira artística. “Eu trabalhei como professor de Biologia, e desenhando, até que fui a um festival como esse [Anima Mundi], nos anos 1980 e deu um clique na minha cabeça. Foi isso que me inspirou a voltar à faculdade. Eu estava querendo fazer [um curso de] pintura, mas decidi pela animação depois de ver um filme de animação.”

‘Ingênuo não, burro’

O americano disse que, a partir de Bob Esponja, conseguiu desenhar os demais personagens que participam das ações na Fenda do Biquíni. “Seu amigo Patrick não é ingênuo, mas burro. Os dois juntos são perigosos porque ambos acham que são gênios. Bob Esponja nunca percebe o quanto burro eles são, Patrick acha que Bob é o melhor cara.”

Já o senhor Sirigueijo, chefe do Calça Quadrada na lanchonete, tem uma história mais íntima: foi inspirado num chefe que Hillenburg conheceu quando trabalhou num restaurante… de frutos do mar. “Eu era da Costa Oeste americana, ele era da Costa Leste. Ele tinha um sotaque totalmente diferente. Para mim, era como um pirata, o jeito que ele falava. Foi realmente uma inspiração para o senhor Sirigueijo. Eu não acho que o senhor Sirigueijo seja mal, ele é um grosso.”

E será que o Brasil, com um litoral tão grande não traria um novo personagem para o desenho?

“Eu tenho certeza que vocês têm esponjas, estrelas-do-mar e caranguejos. Vocês já têm personagens em ‘Bob Esponja’. Os animais marinhos são globais.” E deixa em suspenso, elogiando a beleza do Rio: “Eu adoro viajar e ver os animais locais. É fascinante porque não os temos em casa. E é sempre inspiração. Sempre. A inspiração vem de tudo o que eu vejo.”


Fonte: G1

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