Feltrin: Ibope da Record “encalha” a caminho da liderança

Ricardo Feltrin
Colunista do UOL

Em 2004 a Record iniciou o projeto “A Caminho da Liderança”, ambiciosíssimo plano de seus dirigentes –os bispos da Universal– para ultrapassar a Globo em audiência num prazo máximo de 10 anos.
Os números nunca foram revelados, mas calcula-se que a igreja tenha colocado (“investido”) na emissora uma média de R$ 200 milhões anuais nos primeiros quatro anos. Pagando salários bem mais altos que o do mercado, a Record investiu pesado em equipamentos de nova geração e também tirou artistas e área técnica de praticamente quase todas as concorrentes, inclusive a Globo.
Mas tinha uma enorme pedra no meio do caminho da liderança: o ibope da emissora está estagnado desde 2008. Na média de ibope nacional, a emissora parou em 7 pontos de média. Na Grande São Paulo, 2010 não está sendo melhor que 2009: 7,3 pontos de novo, lembrando que isso representa ainda um ponto a menos do que em 2008, quando a média foi 8,3 pontos.

Há várias hipóteses ou possíveis causas para o encalhe da emissora na faixa de 7 pontos.
1) A Record não conseguiu uma grade de qualidade na faixa nobre, o filé mignon da TV; a promessa de três novelas (boas) não se concretizou e parece cada vez mais distante;
2) ao copiar a Globo em quase tudo, a Record não consegue se diferenciar em conteúdo; com exceção do “Domingo Espetacular”, nenhum produto copiado dá ibope maior do que antes (vide “Esporte Fantástico”, ou “Jornal da Record”); no meio de tanta cópia, os casos de sucesso são justamente os produtos com a cara, de fato, da Record, como o “Fala Brasil” e o “Hoje em Dia”, que incomodam realmente a Globo e habitualmente derrotam o SBT.
3) Para fechar, há ainda o fato de que as madrugadas da Record são definitivamente um horário “morto” no ibope. Não há como obter audiência com cultos da Igreja Universal do Reino de Deus –que ainda sofrem concorrência de outras igrejas, em outros canais.